Além de sério e com vários efeitos complicadores, o câncer é uma doença que continua crescendo no mundo inteiro, preocupando especialistas e as autoridades de saúde pública. Uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), estima que em 2014 surjam 576 mil novos casos da doença no Brasil. Para Santa Catarina, o estudo projeta o surgimento de 24 mil casos, sendo que o câncer de mama ocupa o primeiro lugar dentre as demais neoplasias no Estado e o nono lugar em incidência no país.
Das cidades catarinenses com o maior número de casos de mama estão Florianópolis, Blumenau e Joinville. A estimativa para este ano é de 1.850 casos novos. Santa Catarina tem hoje distribuídos em seu território 134 mamógrafos simples, sendo 83 do Sistema Único de Saúde (SUS). E possui outros 20 mamógrafos com estereotaxia, que permite a retirada de amostras de lesão mamária por meio de uma agulha introduzida na pele. Do total desses equipamentos, 10 são do SUS.
Confira abaixo a entrevista sobre o câncer de mama com a médica oncologista e diretora do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), Maria Tereza Schoeller.
O que é o câncer de mama?
O câncer se inicia quando as células da mama mudam e crescem descontroladamente, formando uma massa ou uma camada de células chamada tumor. O tumor pode ser benigno ou maligno. O maligno pode enviar células para outras partes do corpo. O benigno cresce apenas localmente. O câncer de mama pode, através dos vasos sanguíneos ou linfáticos, ir para outras partes do corpo. A presença do câncer em outras localidades chama-se metástase.
Quais os tipos de câncer de mama?
A maioria dos cânceres de mama tem início nos ductos ou lobos. Cerca de 75% de todos os cânceres de mama originam-se nas células dos ductos e são chamados de carcinoma ductal. O diagnóstico é feito por meio de uma biópsia que é examinada pelo médico patologista.
O que significa estadiamento do câncer de mama?
O estadio é a forma de descrever quanto do câncer há no corpo e quanto do câncer já afetou outros órgãos. Existem cinco estádios (I a IV) para o câncer de mama, sendo que o estadio zero também é chamado de câncer não invasivo ou carcinoma ductal “in Situ”.
Como é feito o tratamento?
A biologia e o comportamento do câncer de mama afeta o plano de tratamento. E cada câncer é individual e diferente. Os médicos consideram muitos fatores quando recomendam o plano de tratamento, incluindo o estadio do câncer e o grau (quanto diferente as células do câncer são das células normais quando observadas em microscópio). A presença de mutações genéticas, idade, estado geral e a situação menopausal da mulher também são fatores importantes.
Para os estadios precoces do câncer, a cirurgia para a remoção do tumor e dos linfonodos axilares é a primeira indicação do tratamento. Tratamentos adicionais com quimioterapia, hormonioterapia, radioterapia ou terapia alvo são geralmente administradas após a cirurgia, dependendo das indicações.
Quais os fatores de risco?
É qualquer fator de risco que aumenta a possibilidade que uma mesma pessoa apresente um câncer. Apesar destes fatores influenciarem no aparecimento do câncer, a maioria deles não é uma causa direta desta doença. Muitos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres sem fatores de risco evidentes e sem antecedentes familiares.
Isso significa que todas as mulheres devem ficar atentas para as possíveis modificações das mamas e procurar regularmente seu médico para o exame físico e a realização, caso seja necessário, de mamografia ou ultrassonografia.
A idade é considerada um fator de risco? Qual a faixa etária mais atingida?
A idade pode representar um fator de risco para o câncer de mama na medida em que a mulher envelhece. Na maioria das vezes, a doença surge depois dos 50 anos. A faixa etária mais acometida pelo câncer de mama está entre 55 e 59 anos.
Quanto os antecedentes familiares influenciam?
Antecedentes pessoais de câncer de mama também contribuem. Uma mulher que já teve o diagnóstico de câncer de mama tem uma probabilidade de 1% a 2% por ano de desenvolver a doença na outra mama.
As mulheres que têm um parente em primeiro grau com câncer de mama (imão, irmã, filha) correm o risco de desenvolver a doença, principalmente se o diagnóstico ocorreu em idade jovem. A ocorrência em parentes de segundo grau também aumenta o risco.
A reposição hormonal favorece o surgimento do câncer?
Sim. A terapia de reposição hormonal posterior à menopausa contribui para o câncer de mama. O uso recente, nos últimos cinco anos, e o uso prolongado da reposição hormonal na pós-menopausa aumenta o risco de a mulher desenvolver câncer de mama.
Exposição a estrogênio e progesterona: são hormônios femininos que controlam o desenvolvimento das características sexuais secundárias e a gestação. A exposição prolongada a estes hormônios aumenta o risco de câncer de mama.
E os anticoncepcionais?
Em relação aos anticoncepcionais orais, ainda não há evidência suficiente de que eles aumentem o risco para o surgimento do câncer de mama.
Alguma raça tem maior predisposição para o câncer de mama?
O câncer de mama é comum nas mulheres, independente de raça. Mas observa-se que o diagnóstico em mulheres mais jovens é maior na raça negra.
O estilo de vida exerce grande influência?
O aumento de peso, a falta de exercícios físicos, o fumo e o álcool têm maior relação com o aparecimento do câncer de mama. Por isso, é importante a população adotar hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas, evitar o fumo e o álcool.
Onde se tratar em Santa Catarina
O Centro de Pesquisa Oncológico (Cepon), localizado em Florianópolis, é a referência no estado para a realização do tratamento de diversos cânceres. Porém, as cirurgias são feitas também nos hospitais Celso Ramos, Hospital Regional de São José e Carmela Dutra.
| Fonte: Secretaria Estadual de Saúde.
