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Postado em 1 de setembro de 2017 Por Em Brasil, Destaque, noticias, Notícias, Santa Catarina E 660 Views

Ministério Público solicita varredura nas contas da Saúde do Estado

Via Diário Catarinense

Após divulgação dos números reconhecidos da dívida da Secretaria de Estado de Saúde de Santa Catarina — que até 31 de julho somavam R$ 508.370.197,85 — o Ministério Público do Estado anunciou na manhã desta sexta-feira uma série de medidas para apurar a real situação financeira da pasta. Ainda na tarde desta sexta, o procurador-geral de Justiça, Sandro José Neis, entregará pessoalmente um pedido ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) para que o órgão realize uma ampla auditoria no sistema de saúde pública catarinense.

Além do pedido de colaboração ao TCE, o MP-SC irá solicitar à Assembleia Legislativa (Alesc) os resultados detalhados dos julgamentos das contas do governo estadual nos últimos cinco anos. A procuradoria-geral instaurou uma notícia de fato, um procedimento interno que significa uma apuração prévia, e vai verificar se há indícios de responsabilidade do governador do Estado por ato de improbidade administrativa nas contas da Saúde.

— Não está descartada, evidentemente, a possibilidade de instauração de inquérito civil ou ajuizamento de ação civil pública, se ficar constatado, com esses elementos, a ocorrência, ainda que em tese, da prática de ato de improbidade cometido pelo senhor governador do Estado — afirmou o procurador-geral.

O grupo de trabalho, com seis promotores que atuam nas áreas de Saúde, Infância e Juventude, e Direitos Humanos, vai priorizar as investigações em questões que envolvam a saúde no Estado, afirmou o procurador-geral. Já há uma série de inquéritos civis públicos sendo apurados, como a denúncia da falta de recursos humanos no Hospital Governador Celso Ramos, e a suspensão de cirurgias eletivas no Hospital Joana de Gusmão.

— A dívida do Estado com a saúde é extremamente preocupante. É importante o conhecimento do sistema de gestão. Por isso, a importância da auditoria. Precisamos verificar se os serviços foram efetivamente prestados, como os recursos estão sendo aplicados e se o Governo do Estado vem atendendo os limites legais com o gasto na saúde — complementou o procurador.

Processos judiciais

De 2014 até 31 de julho deste ano foram instaurados 8 mil inquéritos civis e procedimentos preparatórios e ajuizadas mais de 4,8 mil ações civis públicas. A maioria dos casos envolve o fornecimento obrigatório de medicamentos ou serviços à população, que não estavam sendo prestados pelo Estado. Segundo o procurador, boa parte dos medicamentos solicitados são para tratar problemas como pressão e depressão. 

— A falta de recursos para medicamentos e consultas é uma coisa que prejudica todos os municípios catarinenses, não somente alguns polos — exaltou o procurador.

Em entrevista à NSC TV em agosto deste ano, o secretário de Saúde Vicente Caropreso disse que um dos fatores para o alto custo da saúde que mais o assusta é justamente a judicialização. Segundo ele, até julho, foram gastos R$ 212 milhões em ações judiciais para medicamentos e consultas.

— Acreditamos que a judicialização é apenas um dos fatores da crise, e não o principal. Por que se um morador precisou entrar na Justiça para buscar algo que lhe é de direito, é porque o Estado não estava cumprindo seu dever — observou o Sandro Neis.

Entenda mais a dívida da Secretaria de Saúde:
(Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa do MP):

Total reconhecido pela SES e apresentado ao MP: R$ 508.370.197,85 (até 31 de julho de 2017)

1) Dívidas com organizações sociais: R$ 141.659.375,88
Hemosc: R$ 30.368.505,52
Cepon: R$ 47.099.448,96
Hospital Infantil Jeser Amarante Faria, de Joinville: R$ 13.891.270
Hospital Regional de São Miguel do Oeste: R$ 10.465,508,93
Hospital Regional de Araranguá: R$ 4.278.015,91
Hospital Florianópolis: R$ 8.032.886,36
Samu: R$ 27.523.740,20

2) Dívidas com municípios: R$ 51.353.961,24
Cofinanciamento da Atenção Básica: R$ 22.288.200
Cofinanciamento da Farmácia Básica: R$ 12.142,821,80
Cofinanciamento dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NAF): R$ 4.318.000
Cofinanciamento dos Centros Especializados de Odontologia: R$ 1.379.125
Cofinanciamento das próteses dentárias: R$ 274.860
Cofinancamento da saúde dos sistema prisional: R$ 232.886,28
Cofinanciamento dos Centros de Atenção Psicossocial: R$ 540.000
Programa para o Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde (Procis): R$ 867.000
Pagamentos administrativos não empenhados (cirurgias eletivas, oncologia, etc): R$ 9.311.08,16.

3) Dívidas referentes a convênios com hospitais terceirizados: R$ 21.529.508,28
Hospital Marieta Konder Bornhausen de Itajaí: R$ 3 milhões
Hospital Regional do Oeste, em Chapecó: R$ 7.200.000
Hospital Santo Antônio, de Blumenau: R$ 3.706.913,70
Hospital Regional São Paulo, de Xanxerê: R$ 2.500.000
Hospital Hélio Anjos Ortiz, de Curitibanos: R$ 5.132.594,58

4) Dívidas com fornecedores: R$ 266.046.862,92

5) Dívidas referentes a incentivos hospitalares, rede de urgência e emergência e incentivo maternidade: R$ 20.538.544,39

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