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Postado em 19 de março de 2015 Por Em Notícias E 1346 Views

Minha dor e o trabalho – Violência na emergência indica necessidade de segurança nos hospitais

Técnica de enfermagem foi agredida na emergência por paciente, que foi denunciada e condenada a prestar serviços comunitários gratuitos

MINHA-DOR-E-O-TRABALHO

Bárbara*, que tem mais de 20 anos de experiência na enfermagem, compartilhou conosco um caso de violência de paciente na área de emergência de um hospital catarinense. A diferença em relação a outros relatos da série “Minha dor e o trabalho” é que a trabalhadora contou com o apoio do hospital onde ela trabalhava, o que permitiu uma recuperação com menos traumas e consequências para a vida em família. Entretanto, a história levanta a questão de como investir em segurança para prevenir agressões contra profissionais da saúde.

“A emergência costuma ser movimentada, mas aquela noite estava especialmente agitada. Nós estávamos em duas funcionárias apenas (o ideal seria estarmos em pelo menos três) e havia três pacientes aguardando leito de UTI, dois deles em estado gravíssimo.

Foi quando o SAMU chegou com uma paciente alterada emocionalmente. A moça estava gritando, xingando, e foi deixada na sala de espera para ser atendida – mas fugiu do hospital. A polícia então foi atrás e a trouxe de volta.

Então entrei no quarto dela para medicá-la, dar a ela um sedativo. A moça estava sentada perto da cabeceira do leito, agressiva. Resmungou: “Ah, eu vou te pegar!”

Quando acabei de dar a medicação, intravenal, eu virei de costas para a paciente. Foi quando ela me deu um soco nas costas tão forte, mas tão forte, que estralou! Eu me virei e perguntei: “O que foi isso moça!?”, quando ela me deu um tapa na cara e um chute na barriga.

Saí da sala me arrastando, e fui pedir ajuda. Chegaram outras enfermeiras para me ajudar – uma das minhas colegas me levou de carro de para casa. Cheguei às 3h da manhã, toda dolorida. Além da dor, tive sístole cardíaca por causa do stress.

A paciente ficou lá. Pela manhã, ela disse para uma colega: “Bati e bateria de novo. Apanhou porque foi maleducada”.

Apoio do hospital

Não foi a primeira vez que isso acontece no hospital, e faz anos que se fala em ter segurança na emergência, mas não foi feito nada ainda. E ninguém revista o paciente antes da internação. Imagine se ela tivesse uma faca?

No meu caso, foi feito tudo direitinho: fiquei 14 dias de atestado médico por conta do acidente de trabalho, e fizeram a CAT (comunicação de acidente de trabalho).

Sobre a agressão, conversei com o diretor do hospital e com colegas, e decidi fazer o boletim de ocorrência. Todos me apoiaram, inclusive a empresa, que pagou advogados para me defender na causa. Ao chegar na delegacia, porém, o policial disse que não adiantaria muito, porque provavelmente a paciente diria que é louca.

Mas isso não aconteceu: após o julgamento, a paciente foi condenada a cumprir 32 horas de trabalhos comunitários gratuitos.

*Nome fictício.

| Escrito por Camila Rodrigues da Silva, assessora de comunicação da Fetessesc.
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