Um mal súbito. Uma dor nas costas que não têm fim. O acúmulo de tarefas. O assédio moral. Em casos extremos, a morte repentina. Trabalhadores da saúde enfrentam sérios desafios em seus ambientes de trabalho e, por muitas vezes, adoecem física e mentalmente, o que afeta não só o indivíduo mas os pacientes que são submetidos aos cuidados dele.
Há enfermidades silenciosas e não são raras as vezes em que é difícil fazer o nexo causal entre a doença e as condições de trabalho.
Por isso, é importante estar atento aos sinais do corpo e procurar ajuda. Também é fundamental que os trabalhadores estejam organizados em seus sindicatos e locais de trabalho para reivindicar espaços de acolhimento ao trabalhador e momentos de debate sobre saúde no ambiente laboral.
Autores, como as pesquisadoras Débora Miriam Raab Glina e Silvia Rodrigues Jardim, sugerem que o diagnóstico leve em conta:
1. O trabalho: os relacionamentos (incluindo os externos ao trabalho), o conhecimento e o controle que o trabalhador dispõe sobre o processo de trabalho, a natureza e o conteúdo das tarefas, o reconhecimento social que o trabalho lhe concede e a descrição detalhada das atividades realizadas.
2. As condições de trabalho: temperatura, vibração, umidade, exposição a substâncias químicas e biológicas, ruído, ventilação, equipamentos, etc. (investigação de importância para detectar possíveis exposições a agentes tóxicos).
3. A organização do trabalho: horário, turno, escalas, pausas, horas-extras, ritmo, políticas de pessoal, tipo de vínculo, intensidade e quantidade de trabalho (a organização de trabalho é responsável principalmente pelas repercussões na saúde psíquica dos trabalhadores).
4. As exigências físicas (esforços, movimentos repetitivos, postura), mentais (atenção, memória, quantidade de informações a processar) e psicoafetivas (relacionamentos, vínculos).
5. As percepções dos trabalhadores sobre os riscos.
6. Os momentos em que o trabalhador começa a perceber as mudanças e os problemas associados a essas mudanças.
7. As condições de vida (família, moradia), uso de drogas, doenças pré-existentes.
8. A história clínica e a história do trabalho em relação à história de vida.
9. A avaliação do trabalhador sobre sua trajetória profissional e as repercussões sobre a sua saúde.
| Escrito por Camila Rodrigues da Silva – assessoria de comunicação/Fetessesc.