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Postado em 21 de julho de 2021 Por Em Notícias E 634 Views

Mais de um milhão de crianças perderam pais ou avós na pandemia

Brasil é um dos países onde mais crianças ficaram órfãs em decorrência da Covid-19. Mais de 113 mil crianças ficaram total ou parcialmente órfãs em consequência da doença no Brasil, sendo que 25,6 mil perderam a mãe e mais de 87,5 mil perderam o pai. Pesquisadores afirmam que o número real de menores afetados no mundo deve ser ainda maior.

Cerca de 1,1 milhão de crianças no mundo perderam ao menos um dos pais ou avós responsáveis por elas em consequência da pandemia de Covid-19, estima um estudo publicado na revista científica The Lancet na terça-feira, 20. Em relação à população total, o número de menores de 18 anos nessa situação é particularmente alto no Brasil, onde 2,4 crianças a cada mil foram afetadas, atrás apenas do Peru (10,2), da África do Sul (5,1) e do México (3,5).

Segundo estimativas do levantamento, mais de 113 mil crianças ficaram total ou parcialmente órfãs em consequência da Covid-19 no Brasil, sendo que 25,6 mil perderam a mãe, mais de 87,5 mil perderam o pai, e 13 crianças perderam tanto o pai quanto a mãe para a doença. Além disso, 17 mil perderam um dos avós que cuidavam delas, e 69 perderam os dois.

O estudo destaca que muitas vezes os avós, frequentemente os mais vulneráveis à Covid-19, fornecem apoio prático, psicossocial ou financeiro para os netos. No Brasil, o segundo país do mundo com mais mortes por Covid-19, atrás dos Estados Unidos, 70% das crianças recebem esse apoio financeiro, apontam os pesquisadores, indicando que muitas podem ter perdido esse suporte durante a pandemia.

Se considerados ainda avós ou parentes mais velhos que vivem no mesmo lar, mas não são os principais responsáveis pelas crianças, o número total de menores afetados chega a mais de 1,5 milhão no mundo. O número de crianças que perderam o pai seria de duas a cinco vezes maior que o daquelas que perderam a mãe, segundo os pesquisadores, liderados por Seth Flaxman, do Imperial College de Londres.

Consequência trágica e negligenciada – “Como a maioria das mortes por covid-19 ocorre entre adultos, e não entre crianças, a atenção tem sido concentrada, compreensivelmente, nos adultos. Entretanto, uma consequência trágica do grande número de mortes de adultos é que um grande número de crianças pode perder seus pais e responsáveis para a covid-19”, diz o estudo.

“Como a Covid-19 pode levar à morte dentro de poucas semanas, famílias têm pouco tempo para preparar as crianças para o trauma que experimentam quando um progenitor ou responsável morre”, destacam os pesquisadores.

Entre as consequências para as crianças órfãs ou que perdem um responsável por elas, o estudo aponta riscos de problemas de saúde mental e física, de vulnerabilidade econômica e de abusos sexuais. Tais experiências, por sua vez, aumentam os riscos de suicídio, gravidez na adolescência e doenças, afirmam.

Em comunicado sobre o estudo, os Institutos Nacionais da Saúde (NIH, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, afirmam que as crianças órfãs são uma consequência significativa, até então negligenciada, da pandemia. Segundo os NIH, a análise mostra que o apoio psicossocial e financeiro a essas crianças deve ter um papel central na resposta à pandemia.

Metodologia e subnotificação – Para o estudo, os pesquisadores fizeram cálculos usando dados como taxas de natalidade e mortes por Covid-19 de 21 países, que responderam por 76,4% dos óbitos por covid-19 no mundo entre março de 2020 e abril de 2021: Argentina, Brasil, Colômbia, Inglaterra e País de Gales, França, Alemanha, Índia, Irã, Itália, Quênia, Malawi, México, Nigéria, Peru, Filipinas, Polônia, Rússia, África do Sul, Espanha, EUA e Zimbábue.

Os pesquisadores destacam que os números apontados no estudo são apenas estimativas – e o número real de crianças afetadas provavelmente é ainda maior. Os cientistas apontam ainda que não foi possível levar em conta nas estimativas famílias formadas por dois pais ou duas mães, devido à falta de dados nos países analisados.

Fonte: Deutsche Welle Brasil
Foto: Bruno Kelly/Reuters

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